Não estou só a referir-me a parar de correr de uma lado para o o outro, por excesso de trabalho ou solicitações. Essa vertente da minha vida tenho-a vindo a resolver de forma gradual e consciente. Estou a falar do hábito de correr que durante anos fez parte das minhas rotinas.
Durante muito tempo a corrida forneceu-me a dose semanal de energia e resistência que me ajudou a sustentar o estilo de vida agitado que sempre tive. Mas agora percebo que também funcionou como o possível veículo de ligação regular com a natureza à minha volta.
Correr significava para mim passar pelo parque ao pé de casa e cheirar o aroma das árvores antigas, lembro-me que me fazia sorrir. Passagem obrigatória também era junto ao rio onde me deliciava com a sempre diferente mas bonita paisagem junto às margens. Às vezes em tons de cinzento, outras em que a maré baixa trazia todos os tipos de pássaros e grande parte das vezes uma imensidão de luz e brilho que me animava a alma.
Agora, e desde que regressei às ilhas, a minha vontade de correr foi decrescendo até que parou por completo. Parei de correr e tenho pena, sempre me senti muito bem, mental e fisicamente, depois de uma corrida.
Aqui, a minha ligação com a natureza é constante e envolvente. Está sempre a acontecer. O oceano gigante que me rodeia e que consigo cheirar, mesmo dentro de casa, as montanhas e florestas que emolduraram tudo o que vejo. E abrandei de tal forma o ritmo que já não preciso da resistência de um atleta para conseguir chegar ao final de cada dia em pé.
Mas esta noite sonhei que corria e acordei com saudades. Talvez baste encontrar um novo motivo que me entusiasme e quem sabe não volta a vontade.
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